Reportagem veiculada no Jornal Imparcial, de Presidente Prudente, edição de 23 de outubro de 2016, cita o Projeto Capacitação e Treinamento para Preservação e Gestão dos Recursos Hídricos e sua importância para a questão ambiental regional.
Abaixo, capa e o texto publicado no Caderno Cidades, página 9A.
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Capa do periódico veiculado no oeste paulista |
Região de PP tem 50 km² de área reflorestada
No total, são 540 m² de APPs; preocupada com a situação, Pontal Flora ressalta importância de preservar os recursos existentes
Mellina Dominato
Da Redação
A região de Presidente Prudente possui 540 km² (quilômetros quadrados) de APPs (Áreas de Preservação Permanente). Destes, apenas 50 km², ou seja, 9%, foram reflorestados. Preocupada com tal situação, a Pontal Flora (Associação de Recuperação Florestal do Pontal do Paranapanema) tem promovido o Projeto Capacitação e Treinamento para Preservação e Gestão dos Recursos Hídricos, na tentativa de conscientizar os gestores municipais, professores, pequenos agricultores, bem como a população em geral, sobre a importância de preservar e recuperar os recursos existentes.
“Toda essa área precisa ser reflorestada e isso deve ser algo que nossa geração não vai ver. No entanto, precisamos começar já para garantir um futuro para as próximas gerações. Esta é a região com menos mata ciliar e com menor cobertura florestal do Estado”, alerta o presidente da entidade, José Alberto Mangas Pereira Catarino.
O responsável pela Pontal Flora explica que, quanto à área de APPs, esta é amparada pela legislação, porém, outras medidas precisam ser adotadas para que o cenário fique otimista. Isso porque, é necessário, de imediato, proteger os recursos hídricos e então partir para a recuperação da mata ciliar. Explica que a situação se deve à ação do homem, já que, no princípio, a região era praticamente revestida por floresta nativa, a qual foi sendo destruída com a ocupação humana, que passou a aproveitar a maior parte dos espaços para a agricultura e a pecuária. “Essa ocupação partia da margem dos lagos, rios, para dentro da floresta, deixando o curso sem proteção. A mata é imprescindível para preservar os recursos hídricos”, expõe.
José Alberto ainda destaca que, por conta da qualidade do solo, a região é mais propensa à erosão. “Esse total reflorestado é muito pouco, pois todo o resto está sujeito à erosão, ao assoreamento, etc”, comenta. Frisa que essa área de 540 km² abrange todos os córregos, rios, afluentes, da região com uma área que os margeia, a qual é de extrema importância. “Nossa luta é pela recuperação, então o objetivo é plantar. Mas, primeiro, precisamos plantar essa ideia na cabeça das pessoas. Procuramos levar essa mensagem através dos cursos, para criar esta vontade de recuperar os nossos recursos”, diz.
Projeto
Justamente para conscientizar a comunidade sobre a necessidade de preservar a natureza, a Pontal Flora promove, dentro do projeto de capacitação, cursos divididos em três vertentes, que tratam especificamente da gestão dos recursos hídricos, dos impactos das ações sobre eles e da recuperação das matas ciliares. Todos os módulos foram desenvolvidos na sede da entidade, em Presidente Venceslau, e atenderam municípios pertencentes às UPRHs (Unidades de Planejamento de Recursos Hídricos) números 3 e 4, abrangidas pelo CBH-PP (Comitê de Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema). A última etapa foi realizada quinta e sexta-feira, para representantes das cidades de Iepê, Indiana, Martinópolis, Nantes, Rancharia, Regente Feijó e Taciba.
“Finalizados os cursos, iniciaremos em breve a formação de Núcleos Municipais de Recuperação de Matas Ciliares com os objetivos de apoiar, promover e executar ações integradas voltadas à conservação ambiental, proteção da biodiversidade, desenvolvimento sustentável, recuperação de áreas degradadas e reflorestamento de APPs nos 26 municípios pertencentes a região do CBH-PP”, relata José Alberto.
A Assessoria de Imprensa da Pontal Flora pontua que, o curso de Mata Ciliares, promovido nestes últimos dias, foi conduzido pela engenheira agrônoma Renata Inês Ramos e pela engenheira florestal Irene Tosi Ahmad, da empresa Florari Ambiental – Consultoria, Planejamento e Gestão Ambiental, e teve participação do geógrafo do Departamento de Meio Ambiente da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Celso Machado.
INCENTIVO
Proteção de recursos pode gerar recompensa
A fim de incentivar os pequenos agricultores a cuidarem dos leitos dos rios que cruzam suas propriedades, a Pontal Flora (Associação de Recuperação Florestal do Pontal do Paranapanema) pretende seguir o exemplo de outros pontos do país, onde os trabalhadores, quando prestam tais cuidados com os recursos hídricos, recebem um pagamento pela ação. A intenção, segundo o presidente da entidade, José Alberto Mangas Pereira Catarino, é fazer um experimento na região de Presidente Prudente já no próximo ano, pois, nesta área, 60% das microbacias são extremamente críticas em relação à erosão, já que não estão devida-mente protegidas.
“Temos que transformar o produtor rural em produtor de água. Aquele que tiver curso de água protegido deve receber um pagamento, que deverá ser o valor pago por aqueles que tiram as águas dos rios”, ressalta. José Alberto revela que experimentos semelhantes são realizados no Estado, no entanto, nenhuma ação do tipo foi desenvolvida na região, até o momento. “Esse produtor vai cuidar dos recursos hídricos não só para ele, mas para todos. Então, esses recursos precisam ser revertidos para esses agricultores que cuidam dos córregos protegidos por mata ciliar”, aponta.