por Mariane Gaspareto
Reportagem publicada no Jornal O Imparcial, de Pres. Prudente, edição de 22/03/2016
Em quatro anos, a demanda total de água da população regional cresceu 46,8%, passando de 1,9 m³/s (metro cúbico por segundo) para 2,79 m³/s. As informações constam no Relatório de Situação dos Recursos Hídricos do Pontal do Paranapanema elaborado pelo CBH-PP (Comitê da Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema), o qual realiza hoje, data em que se comemora o Dia Mundial da Água, o “Encontro Regional de Educadores em Defesa da Água”.
Segundo o relatório, o consumo de água dos 487.656 habitantes dos 26 municípios da UGRHI-22 (Unidade Hidrográfica de Gestão dos Recursos Hídricos do Pontal do Paranapanema), em 2010, era de 1,9 m³/s, quando cresceu 4,2% para 1,98 m³/s no ano seguinte. Em 2012, por sua vez, o aumento foi de 6,1%, quando o volume subiu para 2,1 m³/s e, em 2013, de 10,5%, indo para 2,32 m³/s. O maior crescimento, todavia, foi de 2013 para 2014, de 20,2%, quando o consumo de água atingiu 2,79 m³/s. Para se ter ideia, essa quantidade de água corresponde a 2.790 litros por segundo, o que daria para encher quatro piscinas olímpicas por hora. Esse grande consumo de água tem afetado a disponibilidade de recursos hídricos, segundo o levantamento.
Apesar de se manter no patamar considerado bom – maior do que 2,5 mil metros cúbicos por habitante ao ano – ela vem caindo desde 2010, quando era 6.064 m³/hab/ano, indo para 6.035 m³/hab/ano em 2011, 6.007 m³/hab/ano em 2012, 5.978 m³/hab/ano em 2013 e, por fim, 5.949 m³/hab/ano em 2014. Para o secretário-executivo adjunto do CBH-PP, Murilo Gonçalves Cavalheiro, a disponibilidade de águas não mudou, mas foi afetada diretamente pelo crescimento da demanda, que ocorreu principalmente por dois motivos. A primeira razão é a intensificação da fiscalização pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), pois os dados de demanda são baseados em usos regularizados, e não nos que são irregulares. Além disso, Murilo aponta o aumento populacional como o segundo fator diretamente relacionado à disponibilidade de recursos.
“De maneira geral, a Bacia do Pontal do Paranapanema tem ótima relação demanda/disponibilidade, mas se olharmos para recortes menores, como a bacia do Rio Santo Anastácio, verificamos situações mais preocupantes, por isso, ela é uma das bacias prioritárias para o CBH-PP”, diz. Conforme o secretário, essa bacia específica concentra a maior parte da população da UGRHI-22, e, portanto concentra uma maior pressão sobre os recursos hídricos.
Murilo cita ainda o alto índice de perda na rede de distribuição de água de alguns municípios como Rosana, Euclides da Cunha Paulista, Santo Anastácio e Presidente Prudente, cujos índices estão em 25% e 40%, com destaque maior para Martinópolis, com índice crítico, acima de 40%. Apesar de Prudente ter um índice considerado regular (29,3%), o volume perdido foi de 18.682.000 litros por dia, o que corresponde ao volume de água suficiente para encher mais de 700 caminhões-pipa.
Zona rural
A demanda rural de água foi a que mais teve aumento da demanda de 2010 a 2014, conforme o relatório. Em 2010 era de 0,17 m³/s, representando 8,9% do total de demanda, e em 2014 já saltou para 0,74 m³/s, totalizando 23,5% da demanda de água do Pontal do Paranapanema. Em comparação, a demanda para uso industrial era de 1,12 m³/s em 2010, 59,9% do total, e caiu para 1,07 m³/s em 2014 (38,4%). Já o uso de água urbano era 0,61 m³/s (32,1%) em 2010, e foi para 0,97 m³/s (34,8%) no ano retrasado.
Apesar de apontar que ocorreu um crescimento na área utilizada para a pecuária na região nos últimos anos, o que exige água, o engenheiro agrônomo do EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) de Presidente Prudente, Lauro Eiji Tiba, também atribui o aumento da demanda à fiscalização do DAEE. “Antes, muitos poços não eram controlados, mas o órgão intensificou a fiscalização e agora eles estão sendo controlados e regularizados”, declara.
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